quarta-feira, 2 de junho de 2010

Uma pitada da história de Israel


Na época medieval, ir para a Terra Santa significava uma verdadeira aventura. Uma vez definida a viagem (navio ou carruagem), era necessário escrever o próprio testamento, além de ter a permissão do Papa. A razão desta necessidade não era meramente burocrática, mas justificar, diante da família e do Estado (Igreja), toda e qualquer conseqüência para a vida do peregrino, porque a viagem podia ser a última da vida. Os turcos assaltavam e eliminavam peregrinos, por questões de religião. Por isso, quando um grupo de peregrinos chegava no porto de Jaffa (Tel Aviv), o custódio da Terra Santa acolhia-os, em nome dos frades menores, e colocava-os em caravanas de camelos, com destino a Jerusalém. Chegando em Jerusalém, depois de um ou dois dias de viagem, eram acolhidos na Casa Nova (casa de hospedagem para peregrinos, da Custódia) como símbolo de proteção contra os turcos. Assim, os peregrinos, acompanhados pelos frades, podiam visitar a Terra do Quinto Evangelho e voltar para a sua pátria tranqüilamente.
Hoje, tudo se tornou mais fácil e acessível. Os navios foram substituídos pelos aviões, os camelos pelos ônibus e a paz é uma busca constante. Neste sentido, procuramos fornecer a você este resumo sobre os locais visitados, com orações, celebrações, cantos. Procuramos evitar pesos na tua viagem, com livros extras, guias pesados, Bíblia e livros de orações e cantos. Este Guia é um pequeno instrumento, que acompanha o peregrino nas veredas da Terra Santa. Ele contém algumas informações históricas na sua introdução, algumas informações sobre o contexto geográfico e religioso de Israel e da Palestina dos nossos dias. Procuramos sintetizar o máximo as informações indispensáveis, para que você o leve como livro de bolso e, ao mesmo tempo, como uma lembrança que acompanhará a tua vida nas eternas recordações dos Lugares Santos.
Faço votos que esta caminhada nos ajude a celebrar e tornar presente a memória do passado, que se faz luz e profecia para um futuro próspero e cheio de novas esperanças no nosso modo de sermos cristãos mais autênticos.

As ruínas de Jerusalém, com seus mais de 3000 anos de história, são um testemunho vivo de que as gerações passam, mas as pedras, mesmo não falando, continuam para nos contar a sua história. Diante desta panorâmica, façamos juntos uma retrospectiva histórica, ou seja, uma caminhada ao passado para entender o presente dos lugares santos.
A nossa breve abordagem seguirá os seguintes pontos:

1. Da conquista da Terra Prometida ao Império romano

Os israelitas conquistaram a Terra Prometida pelo ano 1200 a.C. Chegaram pela margem ocidental da Jordânia, atravessando o Rio Jordão e conquistando Jericó, cidade habitada por outros povos. Este povo conquistou a terra e fortificou as suas tribos. No ano 1000 a.C., houve a unificação do reinado de Davi, com a sua capital em Jerusalém. Este reino durou até 587 a.C., quando os israelitas foram deportados para a Babilônia, no exílio, pelo rei Nabucodonosor. A cidade foi destruída pelos Babilônicos. Em 538 a.C. os israelitas foram libertados pelos Persas e iniciaram a reconstrução do Templo. Jerusalém passa a ser governada pelos sacerdotes. Em 334 a.C., com a conquista de Alexandre Magno, Jerusalém passa por um processo de helenização. Os gregos permaneceram nesta terra até 63 a.C., com a conquista do Império romano.

2. Do Império Romano à Conquista Turca

Os exércitos de Pompeu invadiram a Terra Santa em 63 a.C. Herodes, o grande, reconstrói o Templo. Nasce Jesus em Belém da Judéia. Em 70 d.C., na revolta dos romanos contra os judeus, os romanos destruíram o Templo. Em 300, com a vinda do Imperador Constantino – o Iluminado, o cristianismo renova as suas forças e passa a ser a religião oficial do Império. Constantino manda construir as grandes basílicas da Natividade (Belém), Santo Sepulcro e Pai Nosso (Monte das Oliveiras). Em 614 os Persas arrasam tudo na tentativa de apagar a memória dos lugares santos. Em 637, com a conquista dos muçulmanos, Jerusalém passa a ser a terceira cidade mais importante do Islamismo, depois de Meca e Medina. Quando os Cruzados conquistaram a Terra Santa 1099, para devolver os lugares santos à humanidade, Jerusalém estava sob o domínio dos Turcos, que permaneceram na Terra Santa até 1291, quando os Mamelucos começaram o seu domínio sobre os lugares santos. Os muros atuais da Cidade Santa foram construídos pelos turcos Otomanos, em 1530.

3. Da Conquista Turca ao Período Franciscano

Não obstante a presença dos turcos na Terra Santa, o começo da era franciscana se deu em 1219 com a vinda de S. Francisco de Assis à Terra Santa. Depois de visitar Damieta (Egito) e dialogar com o Sultão, Francisco chegou em Acre (norte de Israel) e ali fundou uma pequena comunidade de frades menores. É importante notar que o Bispo da época era Giacomo da Vitry, amigo de Francisco de um encontro em Perúsia, dois anos antes. Fundaram então o convento de S. João do Acre. A presença dos frades na Terra Santa, apesar de precária, continuou até 1333, quando o rei de Nápoles, Roberto d’Angiò e a rainha Sancha di Mallorca compraram o Cenáculo, dos turcos no Monte Sión e presentearam este lugar aos frades menores. Com as bulas papais Gratias agimus e Nuper carissimae, o Papa Clemente VI confiou aos frades menores a custódia dos lugares santos em 1342. Assim, nasce oficialmente a Custódia da Terra Santa. Em 1347, os frades iniciaram a custódia da Basílica da Natividade (Belém), e em 1485 a custódia de S. João Batista (Ein Karem). Em 1523, com a conquista dos Turcos na Palestina, o Cenáculo, como sede da Custódia, foi transformado em mesquita e os frades foram obrigados a abandonar o convento. Em 1551, instalaram-se no Convento de S. Salvador (atual sede custodial). A partir deste ano, começaram a custódia em quase todos os lugares santos, conforme cronologia que segue:
• 1630: Anunciação (Nazaré);
• 1631: Monte Tabor;
• 1641: início das negociações sobre Caná da Galiléia. Conclui-se em 1879;
• 1661: Jardim do Getsêmani;
• 1679: Visitação (Ein Karem);
• 1836: Flagelação;
• 1867: Emaús;
• 1880: Betfagé;
• 1889: Dominus Flevit e Primado de Pedro (Tabga);
• 1894: Ruínas de Cafarnaum;
• 1909: Campo dos Pastores;
• 1936: Cenacolino (proximidades do Cenáculo, que já era dos frades);
• 1950: Betânia (todo o complexo).
É importante lembrar que todas estas conquistas, ou compras dos lugares santos só foi possível com a ajuda dos peregrinos de todo o mundo.

4. Do Período Franciscano ao Estado de Israel

Em 1917, durante a Primeira Guerra mundial, os turcos foram rechaçados pelo general Allemby, em Meguido. A Palestina passou ao domínio dos ingleses que em 1948, abandonaram a Palestina. Sob conselho das Nações Unidas, foi criado o Estado de Israel, no dia 18 de julho de 1948. Israel permaneceu com a parte ocidental do Estado, com cerca de um terço do território, e os palestinos, anexados à Jordânia, com a parte oriental do Estado (Cisjordânia). Em 1967, na Guerra dos Seis dias (Yon Kippur), Israel conquista as colinas de Golán (Síria), o Sinai e a Faixa de Gaza (Egito) e toda a Cisjordânia. O monte Sinai foi devolvido ao Egito em 1979, com um acordo de paz entre Israel e Egito. No dia 09 de dezembro de 1989 começou a guerra da Entifada, como modo de rebelião dos palestinos contra os israelitas nos territórios ocupados. Esta guerra terminou em1991, no acordo de paz de Madri. Desde 1981, a capital de Israel, era em Tel Aviv, passou a ser Jerusalém.

5. Procurando entender Jerusalém

“No lado oriental, vivem os árabes, tanto muçulmanos quanto cristãos. Há alguns encraves judaicos, onde vivem israelenses. Um dos dois campi da Universidade Hebraica de Jerusalém também fica no lado oriental. Na parte ocidental, vivem os israelenses judeus. É a parte moderna, onde se localiza o Knesset (Parlamento), a Suprema Corte, os shoppings, os bares, as boates e as charmosas ruas Jaffa e Ben Yehuda. Entre os dois lados, está a parte antiga de Jerusalém. Lá dentro está o Muro das Lamentações, a Esplanada das Mesquitas e a igreja do Santo Sepulcro. Mas antes uma nova explicação sobre outra divisão dessa cidade. A parte velha é dividida em quatro quadriláteros: o muçulmano, o cristão, o armênio e o judaico. Para entrar na cidade, há sete portões. O mais usado pelos árabes é o portão de Damasco de onde saía a estrada para a atual capital da Síria. Os judeus usam mais o portão Jaffa de onde seguia a estrada para a cidade que hoje se tornou um subúrbio de Tel Aviv e o portão Zion, que dá acesso direto ao Muro das Lamentações. A parte muçulmana é a mais agitada, sempre lotada de árabes que a utilizam para fazer as suas compras do dia-a-dia. Há casas de câmbio e lojas que vendem quase de tudo, uma cena comum em mercados árabes em outras cidades da região, como Cairo e Damasco. A música é um rock árabe. No meio das lojas, em uma espécie de praça, mulheres vendem folhas de uva sentadas no chão. Há barracas de suco e de shawarma sanduíche árabe. A Esplanada das Mesquitas fica na parte muçulmana. No alto dela, localizam-se a mesquita do Domo da Rocha, de onde o profeta Maomé teria subido aos céus, e a mesquita de Al Aqsa. Porém o acesso a elas se dá pela parte judaica, por uma escadaria que fica ao lado do muro. Para entrar na parte judaica, é preciso passar pelos detectores de metal. A principal atração desse quadrilátero é o muro, que fica lotado após o pôr-do-sol da sexta-feira, quando tem início o shabat, dia de descanso para os judeus”(Brasil Travel News, 2008, n. 232, p. 48-50).

Um comentário:

Anônimo disse...

Ave! Salve! Viva! Todos os Serafins, Querubins, Arcanjos e Anjos Benditos, Santos(as)! Sempre!...